Acerca da forma convidativa do
pátio da Casa da Glória, dado seu estado de depredação, tanto sua forma como
sua funcionalidade são comprometidas, já que seu piso de pedras tem inúmeras
irregularidades dificultando o caminhar, enquanto o abandono compromete a
estética do pátio. A falta de funcionalidade do espaço atualmente dificulta a
análise através do conceito de forma convidativa, porém como antes era um lugar
de recreação, nota-se que a presença da árvore, hoje cortada, era essencial
para conferir sombra e tornar o ambiente mais agradável.
A urdiura e a trama do pátio
externo instigam o observador, olhando para ele temos a impressão que vemos
mais a sua história passada do que seu presente. O desnível, os bancos ao
redor, a escada e a ruína de um canteiro central remetem a uma história da qual
não conhecemos, porém sabemos que existiu, despertando certa curiosidade.
Ainda, as janelas em volta mesclam os corredores com o pátio criando quase que
um espaço só. As pedras, as paredes brancas e as linhas azuis criam uma trama
que remetem ao ideal de casa colonial e também causam uma sensação de confusão
devido à irregularidade desses elementos.
O pátio mostra-se como um
espaço polivalente pois é pertinente a ele várias ocupações e usos diferentes.
Durante a própria estadia na Casa da Glória foram realizadas atividades lá e
ele teve diferentes usos durante as atividades, uma hora como um lugar para a
realização de atividade que exigiam um amplo espaço e em outra como um lugar
onde as pessoas podiam sentar e conversar, tudo isso sem alterações físicas no
lugar. Desse modo o pátio apresenta grande flexibilidade enquanto sua
funcionalidade também pode ser resgatada, já que atualmente é pouco utilizado
devido à sua deterioração.
Apesar da Casa da Glória ser
um espaço público pertencente a Universidade Federal de Minas Gerais, suas
dependências possuem áreas mais articuladas que tendem ao espaço privado, como
os quartos e banheiros do segundo andar, separados por portas e por avisos ao
público em geral. Já outros espaços como a área externa, pátio, salas de
exposição, esses se caracterizam mais como públicos, tendo uma constituição
espacial mais convidativa ao público, sem portas. Portanto o pátio pode ser
considerado como público já que seu acesso é livre, sem portar ou qualquer
impedimento, e instigante ao visitante.
Espaços de universidades
públicas causam uma confusão ao classificar como público ou privado. Ainda que
o espaço seja público, muitos prédios possuem catracas, existem festas dentro
dos prédios públicos que são pagas, entre outros casos em que o privado e
público se mesclam. Desse modo o pátio da Casa da Glória, estando em uma
propriedade pública, também possui um grau de acesso muito grande e sem
restrições. Ainda, o pátio desperta a curiosidade das pessoas que passam pelos
corredores em sua volta, quase convidando-os a explorar seus desníveis, suas
texturas, suas ruínas e sua falta de elementos óbvios como uma árvore central.
A intervenção proposta para o
pátio externo da Casa da Glória visa requalificar o espaço, atualmente quase
abandonado, trazendo pontos de foco e interesse como desníveis muito versáteis,
podendo funcionar como bancos, mesas, apoio, entre outros, preservando o
caráter polivalente do pátio. A instalação de uma malha quadriculada deformada
organicamente para criar sobras tornaria a urdiura do espaço mais tensa,
conectando e dando coesão aos quatro vértices e aos desníveis criados. A trama
ganha inúmeras texturas e padrões com a intervenção, como grama, plantas,
quadriculado. Tornar o piso retilíneo com a preservação das pedras é uma
importante transformação para que o espaço se torne funcional, dado que os
desníveis dificultam muito a caminhada, enquanto a estrutura em forma de malha
criaria sombras que tornariam o espaço mais agradável em dias ensolarados. Por
fim, o pátio se tornaria mais atraente aos visitantes, porém existe dois lados
para analisar nessa transformação. Se por um lado o espaço ganha funcionalidade
e atrativos, cria-se também a sensação que o espaço é utilizado por certas
pessoas e grupos específicos, ou que o espaço pertence a alguém, restringindo o
acesso a ele e tornando o espaço mais privado do que anteriormente.
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